quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A ordem é: «Silêncio Absoluto!»

Vara quis demitir-se quinta-feira do BCP

Atenção máxima: Governo tenta contornar caso Vara

por DAVID DINIS (in DN – 05/11/2009)

Desde o fim-de-semana que a ordem dentro do Governo é para redobrar a atenção e as cautelas sobre as implicações do caso "Face Oculta". As notícias do envolvimento de vários militantes do PS na investigação, alguns deles com posições destacadas em empresas públicas, forçou o núcleo duro do Governo a preparar uma resposta, de forma a distanciar-se da polémica. O primeiro passo foi dado logo na noite de sexta-feira, com José Sócrates a vincar o princípio da separação de poderes ("Não comento processos judiciais"). Mas entre os mais próximos do primeiro-ministro, desde cedo se reconheceu a necessidade de dar outros sinais públicos que demonstrassem a isenção do Governo.

Foi assim que, logo na segunda-feira se preparou terreno para a resposta. As duas maiores preocupações são os casos de José Penedos, presidente da REN (empresa maioritariamente pública) e de José Chocolate Contradanças, da Empordef (do sector da Defesa, ex-deputado do PS). No último caso, confirmou o DN, foi rapidamente ordenada uma auditoria interna, de forma a averiguar até que ponto houve envolvimento do administrador no caso. A estratégia - de pedir investigações internas - foi seguida na REN (na versão "auditoria externa", dado ser uma empresa cotada), e em todos os outros casos de empresas públicas apanhadas na rede. Caso da Brisa, onde Almerindo Marques já veio também a público explicar a averiguação.

Agora, a questão é de tempo. Argumentando com a mesma separação de poderes, o Governo evita a demissão dos responsáveis. Mas dá já sinais públicos de incómodo, sinalizando a saída aos envolvidos. Vieira da Silva disse ontem esperar "por mais informação"; Costa Pina, secretário de Estado, optou pela fórmula "o Governo acompanha a situação".

Quanto a Armando Vara, a ordem é de silêncio absoluto. Francisco Assis mostrou-o quando reagiu à suspensão do seu mandato no BCP: "O PS não tem a ver com isso, razão pela qual não tem que estar mais nem menos confortado. É uma decisão de natureza pessoal, que respeito e sobre a qual não quero fazer nenhum comentário".