sexta-feira, 27 de março de 2009

O Som e o Poder do Nome

Ursula Le Guin, uma escritora da actualidade, extraordinariamente versátil, que vai desde a ficção científica (ao estilo de Clifford D. Simak - ficção retrograda) até à análise sociológica de psiquiatria de grupos; baseia-se sobretudo sobre o estudo de mitos célticos e momentos de consciência tribal, aplicados à nossa sociedade contemporânea. É extraordinariamente interessante.
Uma das suas melhores obras de ficção - para quem se interessa pelo tema - é «O Feiticeiro de Terramar», uma larga tetralogia, muito bem montada, onde escrutina o «poder da palavra».
Estamos falando de "Alta Magia", que ela apresenta como se fosse uma ficção, mas sabe do que está a falar.
O Poder de deter o nome de alguém e o submeter.
Para o comum dos mortais pode parecer um disparate. O nome de cada um de nós vem no BI, ponto final. Toda gente pode aceder a esse conhecimento imediato.
Mas o nosso nome secreto não vem no BI. O nosso nome secreto é o símbolo da nossa força interior e da incapacidade dos outros não nos dominarem.
Vamos analisar um pouco o que fazemos.
Normalmente, com os nossos amigos mais próximos, quando os conhecemos melhor ou temos mais confiança, denominamo-los de «outra maneira». Por exemplo. Manuela fica a chamar-se «nela», ou mané», ou «nélinha», etc., etc. É a nossa procura do seu nome secreto.
Podem dizer-me que isso é um fenómeno de afecto e aproximação - é claro que é! Também é reduzir a pessoa aquilo que nós determinamos que ela seja, ou melhor, «deter o Poder pessoal do nome» sobre um sentimento. Limitá-la.

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Há diminutivos absolutamentos execráveis que fazem das pessoas escravas de uma apreciação pelo mundo detestável. Mas, mesmo isso, não é o seu nome secreto.
O «nome secreto» é algo difícil de aceder, como uma "password" do computador. A maioria de nós não sabe que tem um nome secreto, a palavra do Poder.
A «palavra do Poder» está ligado às pedras: o primeiro Poder. A fria inteligência do começo da vida na Terra.
Mas como todos sabemos, as pedras são silenciosas. E frias. E absolutamente indiferentes.
Quem quiser saber o seu «nome» pessoal de Poder, fale com as pedras. Escolha-as ao acaso numa praia, ou noutro local, e na sua mão, fale com elas.
Vai ter uma extraordinária experiência. Porque elas, de alguma forma, falam connosco.
E poderá aprender algo sobre «O Poder».