quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

ÀS VEZES À NOITE...


Ainda olho as estrelas à noite
na madrugada silente e fria
e sei descobrir Vénus e a Ursa Maior
entre o fumo do meu cigarro
e pensamentos vagos de infinito e morte
quando o silêncio cai pesado sobre a cidade
e os murmúrios das árvores
conversam entre si o destino dos humens.
O mar responde-lhes baixinho
num sussurro de ondas sossegadas
como se o universo trocasse segredos interditos.
Não compreendo o seu linguajar
mas sinto no ar a força dos seus sentimentos
sinto na pele o seu Poder suave e cruel
que nos olha tranquilo e distante
como um espectador impassível.
E o astro move-se na escuridão acima de mim
e eu continuo a olhar as impassíveis estrelas.
A noite desmaia.
As conversas das coisas adormece devagarinho
na madrugada dos homens
que acordam furiosos e violentos
de coisa nenhuma.
Só voltarei a sentir a verdadeira vida
amanhã de madrugada
quando o silêncio cair de novo sobre a cidade
e eu, só, vier fumar um cigarro
na ausência completa do ruído dos homens
para ouvir as conversas das coisas
para compreender a realidade da vida.
(João do O'Pacheco)